Quando a noite cai: Medos Ácidos - Sessão 42 [Vampiro a máscara 5ª edição]

Quando a noite cai: Medos Ácidos - Sessão 42

(07/04/2024 domingo)

A noite caiu e os membros da Sentinela Escarlate saíram para caçar, pois a fome imperava entre eles, após sérios acontecimentos. Contudo Eli Urt, apesar de estar extremamente faminto, não possuía o privilégio de se alimentar, pois havia uma obrigação muito maior. Aquela era a noite da assembleia extraordinária da Capela de Brasília.

Urt se arrumou com os trajes corretos para o evento e foi para o Setor de Mansões Park Way. Sua fome tirou totalmente sua paciência, sua polidez, sua concentração. A educação ou o mínimo de trato com os funcionários e seguranças mundanos do lugar não existiu mais. Urt os tratava como animais. Pelas costas, os mortais guardavam mágoa e desafeto com o membro da Casa Tremere e, talvez se fossem corajosos, iriam falar com seus senhores sobre aquilo, no futuro.

Eram vários veículos que se encontravam estacionados e vários outros chegavam logo em seguida. Eli viu próximo de um pórtico, três conhecidos seus conversando. Eram membros tão distintos entre si, que saber que trocavam palavras era quase impensável, mas ali, naquele lugar, a hierarquia do Clã os colocava uns próximos aos outros. William Alves, da casa Carna, Jocasta, da casa Tremere e o anarquista Veda Maat, saudaram Eli Urt e convidaram-no para o círculo.

A conversa inicial girou em torno dos eventos estranhos e sobrenaturais que tomavam conta dos Domínios, tanto Brasília quanto os adjacentes. Eram assuntos como bolsas de abismo, vórtices sombrios, doenças misteriosas, vampiros quase humanos.

Logo depois ouviram os cânticos e sinos de chamado. O grupo se dirigiu para a área do Ritual. Lá se depararam com algo enorme, com mais de duas dezenas de Membros Tremere. Ao centro havia uma grande recipiente de mármore, totalmente impoluto, sobre um pedestal repleto de símbolos herméticos e ritualísticos. No ponto mais extremo da pirâmide havia um grande púlpito, onde duas pessoas forneciam assistência e talvez proteção. Um das pessoas era claramente Electra, uma das assistentes da Capela, já o outro, era algo que Eli Urt nunca havia visto. A coisa se parecia com um Nosferatu, mas não era exatamente um Nosferatu, era como se a pele da criatura fosse feita de concreto, ou pedra...

Logo o ritual teve início e ao púlpito ascendeu Jason Wyld, o Regente da Capela de Brasília. à sua direita, ao pé do púlpito, estava Margot, e à esquerda uma outra vampira, que mais tarde foi apresentada como Rafaela Carvalho, a estudiosa.

Jason Wyld iniciou sua fala com as apresentações, além de falar sobre as casas ali presentes: Tremere, Carna, "Devotos do Anoitecer Perpétuo na Sombra de Beliza", "Ordem dos Sussurros Profundos", "Fraternidade das Estrelas Obscuras", entre outra. Ele falou sobre os problemas enfrentados pelos vampiros místicos como os vórtices, amenização temporária da maldição, aleatoriedade de habilidades, sobre a doença, que afeta aqueles próximos dos vampiros, e falou sobre o estudo sobre a Adaga de Mictlantecuhtli, como ela foi adquirida de um agonizante vampiro e que a lâmina era feita com magia, mas não uma magia de sangue e sim uma união com Magia como os Tremere uma vez fizeram, séculos no passado, antes de se tornarem vampiros, ou através de pactos demoníacos. Continuou seu discurso e revelou a todos um nome "Sophia Maior", uma entidade, ou pessoa, ou vampiro, desconhecido, cujo nome foi revelado através dos estudos da Adaga. O Regente deu a tarefa de todos buscarem qualquer informação, por menor que fosse, sobre quem, o que e onde estaria "Sophia Maior".

Jason Wyld convidou Margot e Rafaela Carvalho para falarem. Elas falaram como seguiram os estudos, disseram que mercenários que trabalhavam para os Tremere, não filiados e sem clã, se perderam em ações, e que a Adaga de Mictlantecuhtli estava em um deles. E que olhando além do passado, surgiu o nome Sophia Maior e ressonâncias místicas de Magias além da capacidade dos vampiros.

Após isso, um grande ritual comunal foi executado, onde cada um dos presentes depositou uma porção de seu sangue. Em ordem hierárquica dentro da pirâmide foram, até chegar a Eli Urt, cuja Fome o devorava e, provavelmente, quase não possuía sangue suficiente em seu corpo sequer para manter-se são. Com bastante insegurança e apreensão ele se dirigiu ao recipiente de mármore impoluto e ameaçou depositar lá o pouco sangue que possuía. Jason Wyld interviu, e acrescentou um discurso sobre a coragem daqueles que estavam ali, mesmo longe de seus refúgios, distantes de seus afazeres e obrigações, mesmo com a Fome consumindo-os internamente e a maldição nublando suas ações. Através da Vontade e Poder do Regente, sangue fluiu do corpo de um assecla mortal e alimentou Eli Urt, que conseguiu fazer parte do ritual, sem perder a compostura, mas certamente devendo muitos mais favores à seu Regente do que jamais deveria.

Ao final do ritual, algumas amenidades políticas, onde recados são passados, pedidos de desculpas escritos, itens roubados, ameaças veladas feitas e um novo pedaço de informação é adquirido, pois algumas conversas citam "A mão de Henrique de Oliveira Médici", um artefato do Senhor de Beliza Gregory, a Venerada. 

A noite inquietou-se e demonstrou cansaço. Os vampiros se recolheram e deram por fim. O dia nasceu.


Noites após o ritual, a coterie Sentinela Escarlate estava reunida novamente à mesa, agora posta com flores e com o ambiente limpo, apesar de sons de pessoas dentro do refúgio. Era apenas Vilmar e alguns funcionários da boate Bloodlust.

Vilmar ordenou aos funcionários saíssem do lugar e terminassem as limpezas da Bloodlust. Vilmar conversou com seus senhores, dizendo que a boate estaria pronta para reabrir em duas ou três semanas. Apresentou alguns flyers e esperou aprovação da campanha de divulgação nas mídias. Foi repreendido por José Cavalcante e Eli Urt, pois eles não queriam os funcionários à noite dentro do Refúgio, contudo Vilmar retrucou, afirmando que a proximidade dos funcionários era imperativa, pois aqueles eram fieis, leais e dedicados. O carniçal falou que revisou as imagens dos imóveis vizinhos e conseguiu uma imagem da pessoa que fez o "pecado" contra Catarina Oliveira, o pichador das ofensas à Toreador. No papel, mesmo com a imagem em baixa resolução, era possível ver uma pessoa, que se assemelhava muito à própria Catarina. Era algo estranho.

Muita coisa deveria ser feita naquela noite. O Pastor Israel e Eli Urt foram à Asa Norte, em busca de falar com a demonologista Tupá Guerra, enquanto Catarina Oliveira e José Cavalcante foram para o show de reggae, no Núcleo Bandeirante, atrás de Júlio Jardim, um contato de Luiz Pareto.

Na casa de shows onde haveria o reggae no Bandeirante os jovens estavam bem animados. O odor era característico, a alegria contagiante. Ao entrarem no lugar, os nomes de ambos estavam na lista de convidados. Durante a revista, quando o segurança encontrou a arma de Cavalcante, o Ventrue externou sua aura de comando e ordenou que o homem esquecesse o fato. Entraram e aproveitaram um pouco o show. Catarina encontrou os membros da banda Leões da Jamaica. Evaristo, o vocalista e Melanie, a baixista, a levaram para os bastidores, para conversarem. Durante a movimentação, Cavalcante foi impossibilitado de ir por uma figura sorridente de uma mulher na faixa dos 35 anos. Certamente era uma vampira. Após um embate de vontades, disciplinas e argumentações, José acompanhou a estranha figura.

Após José Cavalcante se apresentar à mulher, ela oferece seu nome e diz que é Condessa Isadora Adelaide Esmeralda Castanho-Miranda de Bourbon Bragança, mas todos a chamavam de Tia Rita. Tia Rita falou que conhecia Cavalcante da festa no Elísio, mas que provavelmente não era conhecida, pois naquele lugar ela estava conversando com o Primogênito dela, Evil Joker, o senhor dos Malkavianos. Ela complementa que viu Cavalcante chegando ontem e entre frases que variavam no tempo, entre o presente, passado e futuro, com desconexões e metáforas que apresentavam um conhecimento e sabedoria além do normal, do nada ela diz que Evil Joker contou para ela que "o nome do filho era Matheus Henrique". E se despediu ao ouvir uma música. Cavalcante tentou acompanha-la, mas logo se esqueceu dela.

Nos bastidores, Melanie, toda insinuante em cima de Catarina disse que a pessoa que ela procurava estava lá, Júlio Jardim, a quem os outros chamavam de "Julinho de Jah" e levou a linda Toreador até a síntese de um consumidor ávido do estilo do reggae. Quando olhou para o jovem, a única coisa que passou pela cabeça de Catarina foi, "o que Pareto tinha haver com reggae?". Em conversa com Júlio Jardim, Catarina descobriu que Pareto era como um apoiador da juventude, dava conselhos, era um tipo de líder comunitário ou mecenas. Júlio marcou de levá-la a Pareto.

José Cavalcante e Catarina Oliveira se encontraram próximos do final da noite.

Em outro ponto da cidade, no Café Rua 5, na 405 Norte, o Pastor Israel e Eli Urt encontraram com Tupá Guerra, que conversava com um amigo, um rapaz bem peculiar de nome Osvaldo. Após as apresentações feitas, o rapaz se despediu para deixar todos à vontade.

Pediram algo para beber, mesmo que os vampiros apenas fingissem. Assim que se sentaram Tupá já começou a analisar a forma como Urt se sentava, movimentava as mãos e toda a simbologia mística que aqueles trejeitos carregavam. O Pastor começou a conversa perguntando sobre o que Tupá poderia dizer sobre Baphomet e sobre seus cultos em Brasília. Com um tom catedrático, a demonologista explana sobre a entidade e sobre alguns cultos que surgem, vez ou outra, comumente entre jovens que se deparam com algum livro de "ocultismo" barato ou que praticam "jogos do demônio". Assim que obteve a resposta, Israel perguntou o que a simbologia dos lírios se ligava à entidade. 

Tupá explanou que os Lírios eram símbolos de um culto sazonal bem misterioso e de conhecimento apenas de poucos, pois ele apareceria, faria proezas e seriam caçados até a extinção, para surgirem novamente em outra época. O nome do culto era O Gosto do Lírio de Baphomet, e os lírios seriam, segundo eles, a única flor que nasceria no Inferno, lembrando o símbolo de pureza que um dia foram os anjos caídos. Segundo Tupá, O Gosto do Lírio de Baphomet começaria com uma Sophia Menor, que após sua provação acenderia a Sophia Maior, onde os seguidores e o culto propriamente dito se formariam. Onde Sophia Menor e Sophia Maior seriam cargos dentro deste culto.

E continuou a história ao dizer que quando Sophia Menor faz o pacto com a entidade, se o demônio desse muita sorte, ele encontraria um Mago de verdade, e se o humano desse muito azar, o demônio seria uma entidade maior e se o evento fosse épico, um demônio maior encontraria e faria o pacto com um Mago verdadeiro.

Israel e Urt perguntam se haveria alguns sinais mais comuns na origem e desenvolvimento do Gosto do Lírio de Baphomet, onde ouvem de Tupá Guerra que, segundo algumas bibliografias, o cheiro e o sabor que remeteria a lirios seria constante, conforme um estudioso que vez ou outra trocava ideias com ela, chamado Lázaro Octávius. Eli Urt se conteve com a surpresa.

Assim mais uma noite terminou.

Personagens Jogadores:

Renato - José Teixeira Cavalcante [Ventrue]
Neimar - Eli Urt [Tremere]
Osny - Catarina Oliveira [Toreador]
Marquinhos – Vinícius “Torrado” Martins [Nosferatu]
Cris – Pastor Israel [Lasombra] 

NPCs:
Jason Wyld - Tremere - Casa Tremere - Primogênito;
Margot - Tremere - Casa Carna;
Rafaela Carvalho - Tremere;
William Alves - Tremere - Casa Carna;
Jocasta - Tremere - Casa Tremere;
Veda Maat - Tremere - Anarquista;
Evil Joker - Malkaviano - Primogênito;
Tia Rita - Malkaviana;
Ester Maria Lamartine - faxineira da Bloodlust;
Fernando Caxias - auxiliar da Bloodlust;
Lívia - auxiliar da Bloodlust;
Electra - acolita Tremere;
Tupá Guerra - demonologista;
Osvaldo - amigo de Tupá;
Evaristo - vocalista da banda Leões da Jamaica;
Melanie - baixista da banda Leões da Jamaica;
Júlio Jardim (Julinho de Jah) - contato com Pareto;

Indiana - homúnculo;
Vilmar - carniçal;
Luiz Pareto - ?.

Sistema:
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